Um cirurgião ortopédico foi advertido e multado em cerca de R$ 36 mil após compartilhar, por WhatsApp, a foto do pênis de um paciente em coma, que exibia uma tatuagem de suástica nazista. O caso, ocorrido em abril de 2019 na região de Queensland, Austrália, só teve seus detalhes revelados recentemente após decisão do Tribunal Civil e Administrativo de Queensland.
A imagem foi feita durante o período em que o paciente estava internado na UTI de um hospital regional, após sofrer um grave acidente com uma bomba caseira, que explodiu em suas mãos. Devido à gravidade dos ferimentos, o homem foi intubado e mantido em coma por uma semana.
Segundo os registros do tribunal, o cirurgião – identificado apenas como Doutor A – notou a tatuagem da suástica durante o atendimento e decidiu fotografá-la, compartilhando a imagem com outros profissionais de saúde por meio de mensagens privadas. A imagem acabou vazando, o que levou a uma investigação formal iniciada em dezembro de 2019, após denúncia recebida pela Ouvidoria da Saúde de Queensland.
Durante o julgamento, o Tribunal Médico de Queensland classificou a atitude do cirurgião como “grave violação da ética médica”, reforçando que o paciente estava inconsciente e “particularmente vulnerável” no momento em que teve sua privacidade violada.
“Ele [o médico] entendeu que a suástica representava racismo e era depreciativa para pessoas de suas origens étnicas”, afirmou o juiz Peter Murphy, responsável pelo caso.
Apesar da gravidade, o tribunal reconheceu que o médico demonstrou arrependimento imediato. O Doutor A alegou ter sido vítima de racismo ao longo da vida na Austrália e afirmou que sua reação foi motivada pelo simbolismo ofensivo da tatuagem.